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FIRENZE 2 - SPEDALE DEGLI INNOCENTI


Pontos Turísticos de Firenze – Região 2: Spedale degli Innocenti

Obra prima de Brunelleschi, o complexo cujo projeto arquitetônico inspirou inumeras construções renascentistas e que foi fundado para ser um orfanato, traz séculos de histórias do cuidado infantil.

A Instituição

O nome "Spedale degli Innocenti" se origina do dialeto florentino para hospital ("hospital para crianças abandonadas") e do episódio bíblico conhecido como Massacre dos Inocentes (infanticídio pelo rei da Judeia, Herodes que ordenou a execução de todos os meninos de Belém para evitar perder o trono para o recém-nascido "Rei dos Judeus").

Em 1419, o mercador Francesco Datini de Prato concluiu os primeiros acordos necessários para a construção, ao lado da Igreja da Santissima Annunziata, do primeiro orfanato especializado da Europa, encomendando o projeto ao arquiteto Filippo Brunelleschi (o mesmo da cúpula do Duomo).

O hospital foi inaugurado em 1455 e foi por muitos anos financiado pela guilda "Arte da Rota da Seda", através de uma contribuição obrigatória por seus membros. Poucos anos apos a abertura já cuidava de 260 crianças; chegou a ter mais de 3.000 internos.

Brasão da Guilda "Arte della Seta" presente na fachada do Ospedale

O local traz marcas das histórias sobre a vida dos órfãos naquele período: as crianças abandonadas eram deixadas em uma “pila” na varanda, uma espécie de bacia como água benta, que mais tarde foi substituído por um "finestra ferrata", uma janela rotatória, "a roda dos inocentes", muito similar àquelas nas quais os entregadores passam a pizza em prédios com clausura de segurança (em 1875 a roda foi finalmente murada).

As mães desesperadas que não conseguiam sustentar seus filhos (os “gittatelli”) deixavam as crianças na janela e tocavam o sino, fugindo sem serem vistas. Muitas vezes, eles deixavam "sinais" de reconhecimento juntamente com os bebês, como medalhas quebradas ao meio, com o qual se esperava que em momentos de melhor sorte, pudessem apesentá-las para retomar seus filhos.

Exemplo de peças deixadas com as crianças abandonadas

Mulheres do campo mandavam leite para as crianças, até que em 1577 foi "comprada uma vaca para suprir a alimentação dos bebês".

Os meninos eram educados com o ensino básico e mandados depois para oficinas para aprender uma profissão, enquanto as meninas ficavam no Ospedale para sempre, trabalhando em sua manutenção ou na produção de seda. Até 25 anos de idade, as meninas eram vestidas de branco, depois de azul, e a partir dos 45 anos, de preto.

Um vislumbre da vida diária no hospital é mostrado no afresco "Massacre dos Inocentes" de Bernardino Poccetti, artista que chegou a morar no hospital para realizar a decoração em afresco de alguns quartos: uma mulher abandonando o filho na varanda, os preparativos para o almoço; a amamentação, a escola e a oração diante do altar antes de dormir; as meninas que prestam homenagem à visita do grão-duque Cosimo II.

Com medo das grandes epidemias, as crianças eram constantemente lavadas com "vinagres fortes." Em 1756, lá foi realizada a primeira experiência na Itália de vacinação contra a varíola.

Ainda hoje, alguns sobrenomes comuns italianos como "Innocente", "Degl'Innocenti" ou "Nocentini" são um legado do antigo nome dado aos órfãos no passado. Desde o século XIX, no entanto, os órfãos passaram a receber sobrenomes fantasia - dados de párocos, registradores ou pelo resonsável pelo Ospedale - para evitar que fosse demonstrada a sua origem.

Por muitos anos, o local acolheu e cuidou das crianças abandonadas, sendo ainda hoje sede uma instituição pública responsável pela tutela da criança e do adolescente.

O edifício

O edifício inaugurado em 1455 com algumas (controversas) alterações no projeto inicial de Brunelleschi é considerado um notável exemplo da arquitetura do primeiro renascimento italiano, com suas colunas, escadaria e varanda de proporções harmoniosas.

O mais interessante é que as caracteristicas que fizeram que seu projeto tivesse uma influência extraordinária na arquitetura subsequente foram escolhidas para atender a necessidade de uma construção mais barata para o padrão da época.

Por exemplo, foram escolhidos materiais de baixo custo, tais como a chamada "Pedra Serena", uma pedra arenosa até então pouco utilizada por causa de sua fragilidade, e o gesso branco, que criou o contraste com o cinza característico de construções florentinas posteriores.

Além disso, por questões de economia, a mão-de-obra inexperiente utilizada para construção exigiu o uso de técnicas de medição simplificadas, como a proporção e repetição entre vãos e colunas. Essa lógica proporcional era uma novidade: a altura das colunas, por exemplo, não é arbitrária; quando se traça uma linha horizontal ao longo do alto das colunas, cria-se um quadrado com a altura da coluna e da distância de uma coluna à seguinte.

Esta ânsia de regularidade e de ordem geométrica trasnformou-se em um elemento importante na arquitetura renascentista. Até mesmo os predios em seu entorno e a Igreja Santissima Annunziata foram reformados seguindo a mesma linha arquitetonica, a partir do secolo XV.

Além de afrescos e bustos, a varanda traz entre os arcos os "tondi" (círculos) decorados em terracota vitrificada brancas e azuis com os querubins que adornam a fachada de Andrea della Robbia, de 1487, se tornaram ícones e símbolo da própria instituição.

Internamente, os espaços foram racionalizados com grande cuidado e também se tornaram um modelo para todos os edifícios hospitalares subseqüentes: áreas femininas e masculinas independentes, claustros diferenciados.

A Igreja também traz algumas poucas obras de arte interessantes, como algumas pinturas e a pia batismal do século XIV.

Ao longo do tempo, diversos trabalhos foram dedicados a estudar o complexo e suas restaurações e ampliações, especialmente entre os séculos XVIII e XIX.

Hoje o complexo abriga o L'Istituto degli Innocenti, que é uma instituição publica dedicada a tutela infantil, além do museu - Mudi (Museo degli Innocenti) - , que expõe uma série de obras de artistas renascentistas famosos criados para ornamentar as instalações.

Mudi (Museo degli Innocenti)

No século XIX, para finaciar uma restruturação do complexo, foi vendida uma parcela significativa das mais de 300 obras de arte do Instituto, que foram espalhados por todo o mundo. A Galeria de Arte do ospedale, criada acima da varanda de Brunelleschi, reune as 77 obras restantes, após uma restauração ocorrida após a inundação de 1966. Apesar de pequena, a coleção possui algumas obras de grande valor.
Entre eles a "bandeira de procissão do Ospedale pintado em 1445 por Domenico di Michelino e depois restaurada no início do século XVI.

Outra obra de destaque é a a "Adoração dos Magos, uma obra-prima por Domenico Ghirlandaio na madeira, pintados a partir de 1485, em colaboração com Bartolomeo di Giovanni, autor de outros sete painéis. Nele, a atençao se volta às duas crianças entregues pelos reis magos a Maria, uma clara referência aos fins de caridade do Ospedale. No fundo ele mostra a matança dos inocentes, ao lado de uma magnífica paisagem cque reflete o estudo de Ghirlandaio da escola flamenga. São retratados personagens da época, como o gestor do Ospedale e membros da Guilda patrocinadora do instituto. Atrás da Madonna, aparecem dois personagens símbolo do compromisso dos leigos e religiosos em trabalhos de caridade.

Também bastante conhecido é o relovo de terracota vitrificada retratando "Madonna e Banbini", feito por Luca della Robbia, em 1448.

Por fim, "Madonna e Criança, Anjos e Santos" de Piero di Cosimo (1490 aproximadamente) e a "Madonna e Criança com um Anjo" de Sandro Botticelli, uma das primeiras obras inspirado pela "Madonna" de Filippino Lippi para o Uffizi.

A esquerda, a Madonna de Felippo Lippi no Uffizi e à direita, a de Boticcelli no Ospedale

Atualmente em fase de reforma, as atuais intalações podem ser visitadas durante esta fase num percurso encurtado com visitas guiadas e workshops para crianças e adultos com acesso a ocumentos, fotografias, objetos e biografias, história dos "Inocentes", desde a fundação até o início do século XX, com um foco particular no período mais recente, menos conhecido.

Outros Pontos Turísticos na Região 2:

  • Atrações tradicionais ou imperdíveis

  • Galleria dell’Accademia (Davi original e outras obras de Michelangelo)

  • Atrações opcionais ou de interesse específico

  • Museo dell’Opificio dele Pietre Dure

  • Basilica della Santissima Annunziata

  • Museo Archeologico Nazionale

  • Leonardo Da Vinci Museum Activities

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